Fazenda Vargem produz do trigo à farinha especial

Verticalizar e agregar total valor à produção agrícola, processando os grãos numa pequena indústria ao lado da área do plantio e oferecendo os produtos já embalados ao mercado consumidor final, foi um sonho do empresário rural e ex-presidente da Federação da Agricultura do Estado (Faeg), Macel Caixeta. Passados 14 anos de seu precoce falecimento, os filhos Adriana, Luciana e Alexandre Caixeta tornaram tudo isto uma realidade. Pioneiros no cultivo de trigo em Goiás, atividade iniciada pelos pais Macel e Olga Caixeta, na Fazenda Vargem, em Vianópolis, os irmãos agora fazem parte do rol de cases de sucesso no Brasil.

Há 4 anos, os irmãos Caixeta montaram a indústria Fazenda Vargem, na propriedade rural do mesmo nome, que está produzindo farinha de trigo integral especial, de forma artesanal, com a marca Fazenda Vargem, resgatando as tradições de moagem do trigo em moinhos de pedra. No local, são industrializadas parte das quase 2 mil toneladas de trigo colhidas anualmente na propriedade rural da família. Agora, eles estão partindo também para a fabricação de fubá de milho não transgênico, também processado em moinho de pedra. “O próximo passo é partir para o fabrico dos subprodutos do milho e do trigo destinados à alimentação animal”, antecipa Alexandre Caixeta.

Atualmente, a Fazenda Vargem produz, sob demanda, 20 toneladas de farinha de trigo por mês. Mais de 90% dos clientes são de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e de estados do Nordeste brasileiro. “Nossos consumidores são as mais famosas padarias e padeiros do Brasil, entre elas o Empório Santa Luzia de São Paulo e a Casa Baru, além do restaurante Panela Mágica de Goiânia, que fazem questão de ter uma farinha de trigo especial para garantir qualidade aos produtos finais”, conta Adriana Caixeta.

A ideia de ter uma indústria junto à zona de produção de grãos na propriedade da família, em Vianópolis, segue a tradição europeia. Naquele continente, é comum os fazendeiros industrializarem a própria produção de uvas, transformando-as em vinhos, de azeitona em azeite, de leite em queijos especiais e de outros produtos, com a marca própria, primando pelo total controle de qualidade e atendendo um mercado consumidor especial. “Ter uma indústria na própria fazenda para agregar valor à produção agropecuária é também uma tendência aqui no Brasil“, frisam os empresários.

O primeiro passado dos irmãos Caixeta para agregar valor à produção e industrializar os próprios grãos foi comprar um moinho de pedra, que estava desativado, de um fazendeiro mineiro. Aos poucos, foram adquiridos outros, chegando ao total de oito. Recentemente, decidiram que, para atender a crescente demanda de compradores de todo o País, teriam de partir para a produção em escala comercial, embora fazendo questão de manter a forma artesanal. Foi daí que importaram três moinhos de pedra que estão em pleno funcionamento na Fazenda Vargem.

Desde 1986, a empresa Fazenda Vargem consegue produzir trigo com uma das maiores produtividade e qualidade do mundo, índices superiores ao do Canadá, o país top do ranking mundial. Enquanto o teor de proteína do trigo da Vargem é de 13%,  o da Argentina chega apenas a 7%. Na indústria, instalada numa área de mais de 500 metros quadrados – e já está em uma nova expansão -,  são gerados sete empregos diretos, a maioria dos trabalhadores do sexo feminino, que contribuem com o aumento da renda familiar. A empresa conta também com armazéns para a estocagem dos grãos ao produto final, além de um entreposto de distribuição em Goiânia.