É o décimo aumento seguido e a maior taxa desde janeiro de 2017. E não deve parar por aqui: em junho deve haver uma nova alta.
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, promover uma nova alta da taxa Selic: agora para 12,75% a.a. É o décimo aumento seguido e a maior taxa desde janeiro de 2017, quando estava em 13%. E não deve parar por aqui: o Copom sinalizou que na sua próxima reunião, em junho, deve promover uma nova alta.
Como justificativas para o aumento dos juros, os técnicos do Banco Central argumentaram que o ambiente externo segue se deteriorando. As pressões inflacionárias decorrentes da pandemia se intensificaram com problemas de oferta advindos da nova onda de Covid-19 na China e da guerra na Ucrânia.
A inflação ao consumidor seguiu surpreendendo negativamente, acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para 2022. As expectativas de inflação para este ano apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 7,9%. As projeções de inflação do Copom situam-se em 7,3% para 2022 e 3,4% para 2023. O Comitê avalia que a conjuntura particularmente incerta e volátil requer serenidade na avaliação dos riscos.
“Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, para 12,75% a.a”, informou em nota. “O Copom considera que, diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista”, enfatizou.
Empresas
A alta da Selic pode comprometer a recuperação econômica e preocupa empresas, afirma Richard Clayton, fundador da Trinta Porcento. “Com a taxa de juros alta, as empresas passam a ter dificuldade a créditos e, quando conseguem, o custo do financiamento passa a ficar muito alto. Com isso, diminui-se a capacidade de caixa das empresas, gerando assim uma retração natural no consumo e na geração de emprego, impactando diretamente a produtividade brasileira”, afirmou.