O Dia da Indústria (25 de maio) é uma data a ser celebrada não apenas pelo sistema indústria, mas por toda a população do País. Simbolicamente, representa um momento de reflexão sobre a urgência da criação, na esfera pública, de políticas de incentivo ao setor mais importante da economia, pelo seu potencial de geração de riquezas, de emprego, renda, tecnologia e inovação, sobretudo nesse momento de retomada das atividades produtivas, em meio às incertezas da vida pós-pandemia.
Por Sandro Mabel
O Dia da Indústria (25 de maio) é uma data a ser celebrada não apenas pelo sistema indústria, mas por toda a população do País. Simbolicamente, representa um momento de reflexão sobre a urgência da criação, na esfera pública, de políticas de incentivo ao setor mais importante da economia, pelo seu potencial de geração de riquezas, de emprego, renda, tecnologia e inovação, sobretudo nesse momento de retomada das atividades produtivas, em meio às incertezas da vida pós-pandemia.
Sem entrar no mérito das muitas e diversas teorias científicas, não é difícil entender que vivemos o fenômeno da desindustrialização, efeito e causa do mau desempenho econômico, paradoxalmente uma realidade em meio ao ingresso do mundo globalizado na 4ª Revolução Industrial, a Indústria 4.0, que domina corações e mentes, irrefutavelmente, rumo ao futuro.
O futuro é o que virá, marcado pelas mesmas incertezas e indefinições que levaram à queda do tecido produtivo da indústria, tão presente em nosso cotidiano e na transversalidade em todas as demais cadeias produtivas, e da geração de riquezas, espraiada por natural avanço da tecnologia e da inovação.
Esqueçamos, se possível, o desenvolvimento industrial da China e seus efeitos globais, atrelado a outros fatores que mantiveram a baixa da industrialização no Brasil a partir da década de 1980, com diminuição da participação industrial e tecnológica no PIB até a década de 2010, em que predominaram os segmentos que utilizam mão de obra com baixo índice de produção e qualificação técnica, os chamados low-tech.
Por aqui, a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) elegeu, nos últimos quatro anos, quando ainda não se falava em pandemia, três pilares estratégicos do desenvolvimento da indústria goiana, que apresenta indicadores invariavelmente acima da média nacional. A industrialização, em solo goiano, das matérias-primas hoje campeãs em exportação – o complexo soja puxa as vendas externas goianas, tendo registrado 11% de aumento na balança comercial goiana em abril, não por acaso com destino à China –, a verticalização da produção mineral e o fortalecimento da chamada indústria fashion by Goiás são caminhos naturais, se considerarmos o potencial visível na geração de riquezas, emprego, renda e capacidade empreendedora da gente goiana.
Apenas com agregação de valor aos produtos goianos da cadeia de grãos (soja e milho), estudos desenvolvidos pela Fieg apontam a geração de R$ 1,8 bilhão em impostos e R$ 1 bilhão em salários. Simples assim: ninguém fica rico apenas exportando commodities. Enfim, o enfrentamento à desindustrialização, sobretudo nesse momento pós-pandemia da Covid-19, exige políticas públicas, sejam elas pontuais diante da crise sanitária, seja a concepção de uma ampla política industrial, voltada à retomada do crescimento econômico e ao aumento da competitividade de Goiás e do Brasil no cenário global.
De sua parte, a Fieg faz o dever de casa, com inúmeras ações voltadas a promover o desenvolvimento da indústria, nas áreas de qualificação profissional, com oferta de cursos formatados sob demanda das indústrias, e disseminação tecnológica, por meio do Senai; educação básica, saúde e segurança do trabalho, expertises do Sesi; estágio e inovação, com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL). Um trabalho pioneiro, desenvolvido historicamente há 70 anos e que mudou o perfil de Goiás de Estado eminentemente agropastoril para uma indústria moderna, dinâmica e diversificada em cadeias produtivas. Agora mesmo, a Fieg e o Sebrae promovem o Acelera Indústria, iniciativa que busca estimular pequenos negócios a transformar realidades, por meio do fomento de práticas empresariais que tornem as empresas mais competitivas. É um programa voltado aos líderes de pequenas e microindústrias. Queremos provocar a reflexão para remodelagem dos negócios, visando à reestruturação para mercados disruptivos e sustentabilidade, por meio do growth marketing (marketing de crescimento).
No início do ano, a Fieg instituiu o Conselho Estratégico de Pensadores da Educação do Futuro, um time de especialistas renomados nacionalmente em diversas áreas do conhecimento. A missão é subsidiar o trabalho das instituições da indústria em Goiás, especialmente Sesi e Senai, que têm legado de 70 anos de existência, identificando as necessidades da educação em consonância com as exigências do mundo do trabalho, a partir das perspectivas da Indústria 4.0 e das próximas revoluções industriais e, neste momento, fundamentalmente dos avanços dos sistemas digitais.
Por tudo isso, Fieg, Sesi, Senai, IEL e sindicatos industriais em Goiás têm muito a comemorar no Dia da Indústria. Um viva para a indústria e, especialmente, um viva para industriais e trabalhadores da indústria, verdadeiros heróis do desenvolvimento do nosso estado e do nosso país.
Sandro Mabel é presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) e dos Conselhos Regionais do Sesi e Senai