quarta-feira, 9 de outubro de 2024
Indústrias goianas temem apagão com massa vegetal

Indústrias goianas temem apagão com massa vegetal

Há cerca de um ano, as indústrias conseguiam comprar massa vegetal a R$ 30 o metro estéril. Agora estão pagando de R$ 100 a R$ 120 pela mesma quantidade.

30 de junho de 2022

Insumo mais do que triplicou de preço para as indústrias goianas

As indústrias goianas que dependem de massa vegetal (madeira de reflorestamento e bagaço de cana-de-açúcar, basicamente) estão sofrendo com a escassez e os altos preços dos produtos e temem um apagão desse insumo usado para fazer alimentar suas caldeiras e para a secagem de grãos em armazéns.

“É um apagão pré-anunciado para todo o segmento”, define o empresário Evaristo Lira Baraúna, presidente do Grupo Cereal. A sua indústria de esmagamento de soja em Rio Verde depende da compra de eucalipto e bagaço de cana para gerar energia e fazer a secagem de grãos. Ele explica que ainda não há falta, mas traça um cenário preocupante, devido à pequena quantidade e à alta dos preços.

“O eucalipto mais do que triplicou o preço”, relata Baraúna. Há cerca de um ano, as indústrias conseguiam comprar a R$ 30 o metro estéril. Agora estão pagando de R$ 100 a R$ 120 pela mesma quantidade. “O bagaço de cana, que é outro produto que usamos para queimar e produzir calor e energia, também aumentou bruscamente o preço”, conta o empresário.

A tonelada, cujo valor oscilava entre R$ 40 e R$ 50 um ano atrás, agora custa R$ 250. “Somado a isso, ainda enfrentamos pouca oferta, o que faz subir ainda mais o preço”, acrescenta Baraúna.

Produção de energia

O industrial lembra que, há relativamente pouco tempo, a destinação do bagaço era um problema para as indústrias de etanol e açúcar, mas depois ele passou a ser usado para produzir energia. “Passamos a vender o bagaço de cana, o que hoje não se vende mais pois temos nosso próprio consumo”, recorda.

Sobre o eucalipto, também foi um negócio bastante lucrativo, mas houve queda no preço, mais acentuada nos últimos cinco anos, segundo dados do Cepea/USP. Com a oferta maior do que a procura, o preço caiu, o que levou produtores a deixar de plantar. “As florestas foram diminuindo e estamos a assistir que a oferta poderá colapsar”, alerta Baraúna.

Para o empresário, plantar seria a solução, já que os preços hoje remuneram. Porém, é necessário esperar seis anos para ter o primeiro corte da madeira. Diante da situação, o industrial propôs soluções a um grupo de empresários do ramo. “Podemos buscar soluções, como usar o BPF oriundo do petróleo ou o gás natural. Porém, cadê o gasoduto em Goiás?”, questiona. “Não podemos deixar o caos chegar. Temos de buscar alternativas”, propõe.

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