Há cerca de um ano, as indústrias conseguiam comprar massa vegetal a R$ 30 o metro estéril. Agora estão pagando de R$ 100 a R$ 120 pela mesma quantidade.
As indústrias goianas que dependem de massa vegetal (madeira de reflorestamento e bagaço de cana-de-açúcar, basicamente) estão sofrendo com a escassez e os altos preços dos produtos e temem um apagão desse insumo usado para fazer alimentar suas caldeiras e para a secagem de grãos em armazéns.
“É um apagão pré-anunciado para todo o segmento”, define o empresário Evaristo Lira Baraúna, presidente do Grupo Cereal. A sua indústria de esmagamento de soja em Rio Verde depende da compra de eucalipto e bagaço de cana para gerar energia e fazer a secagem de grãos. Ele explica que ainda não há falta, mas traça um cenário preocupante, devido à pequena quantidade e à alta dos preços.
“O eucalipto mais do que triplicou o preço”, relata Baraúna. Há cerca de um ano, as indústrias conseguiam comprar a R$ 30 o metro estéril. Agora estão pagando de R$ 100 a R$ 120 pela mesma quantidade. “O bagaço de cana, que é outro produto que usamos para queimar e produzir calor e energia, também aumentou bruscamente o preço”, conta o empresário.
A tonelada, cujo valor oscilava entre R$ 40 e R$ 50 um ano atrás, agora custa R$ 250. “Somado a isso, ainda enfrentamos pouca oferta, o que faz subir ainda mais o preço”, acrescenta Baraúna.
O industrial lembra que, há relativamente pouco tempo, a destinação do bagaço era um problema para as indústrias de etanol e açúcar, mas depois ele passou a ser usado para produzir energia. “Passamos a vender o bagaço de cana, o que hoje não se vende mais pois temos nosso próprio consumo”, recorda.
Sobre o eucalipto, também foi um negócio bastante lucrativo, mas houve queda no preço, mais acentuada nos últimos cinco anos, segundo dados do Cepea/USP. Com a oferta maior do que a procura, o preço caiu, o que levou produtores a deixar de plantar. “As florestas foram diminuindo e estamos a assistir que a oferta poderá colapsar”, alerta Baraúna.
Para o empresário, plantar seria a solução, já que os preços hoje remuneram. Porém, é necessário esperar seis anos para ter o primeiro corte da madeira. Diante da situação, o industrial propôs soluções a um grupo de empresários do ramo. “Podemos buscar soluções, como usar o BPF oriundo do petróleo ou o gás natural. Porém, cadê o gasoduto em Goiás?”, questiona. “Não podemos deixar o caos chegar. Temos de buscar alternativas”, propõe.
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