Investimentos em startups também caem em Goiás

Depois de dois anos e meio de explosão de investimento, com grande geração de empregos, o setor de startups (empresas emergentes e inovadoras) passa por um rearranjo ditado pelo cenário mundial. Grandes nomes do ramo, como Loft, Quinto Andar e Vtex, fizeram demissões e os investimentos estrangeiros – principalmente de fundos e bancos – caíram.

Ouvidos pelo EMPREENDER EM GOIÁS, empresários de startups apontam uma reacomodação do segmento e veem perspectivas de retomada de forma mais consistente a partir do início de 2023. Mas são unânimes em dizer que não faltam recursos para financiar bons projetos.

“O mercado está se reajustando, os grandes players estão mais cautelosos e o investimento em uma startup é de grande risco. Então, a tendência é de diluir a aplicação de recursos, mas eles existem e estão disponíveis, principalmente para as startups em fase inicial”, acredita o diretor de inovação da Hub Cerrado, Carlos Magno.

Ele pontua que neste ano há uma readequação da economia mundial, depois de um boom de investimentos e contratações, grande parte em função do mercado digital. “O mercado está voltando a um comportamento mais padrão, então é natural que haja recuos de investimentos”, analisa.

Apetite menor

CEO da Tron Informática, empresa com 30 anos de existência, Gelson Garcia aponta um menor apetite a riscos por parte dos investidores. “O nível de exigência era um pouco menor e agora está maior, com foco não apenas no crescimento, mas também no resultado”, avalia, apontando o cenário mundial, por exemplo, a inflação em países da Europa e nos Estados Unidos.

Gelson Garcia pontua que essa mudança no comportamento aconteceu no primeiro semestre, a partir de março, e se consolidou agora. Para ele, as perspectivas também dependerão do comportamento da economia global. “O mercado se acomoda muito rapidamente”, diz.

Cofundador e CEO da NectarCRM, João Augusto Campos aponta um “movimento de correção do mercado”, voltado a iniciativas mais palpáveis e realistas em um setor de risco para investimentos. “Depois dessa grande correção, acredito que vamos melhorar os indicadores”, afirma João Augusto, destacando que é preciso ter atenção para receber os recursos disponíveis no mercado. “As empresas saudáveis que passarem por esse ajuste estarão aptas a crescer”, acredita. “As que têm gestão estão tendo acesso e há muito dinheiro disponível”, acrescenta João Augusto.

Levantamento da plataforma de inovação Distrito revelou que no primeiro semestre deste ano, as startups brasileiras receberam US$ 2,92 bilhões em investimentos, volume 44% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado. Mas os valores são maiores do que antes da pandemia.

Demissões

Carlos Magno aponta que não houve demissões significativas em Goiás, até porque o Estado não tem bigtechs, as startups que valem mais do que US$ 1 bilhão, chamadas de unicórnios. Além disso, ele aponta um déficit de profissionais qualificados, de maneira especial na área de tecnologia.

Estudo da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação (Abrat) aponta que só em 2023 serão abertas 160 mil novas vagas para profissionais de TI no Brasil, mas atualmente as universidades conseguem formar e entregar ao mercado, entre cursos de engenharia, computação e afins, pouco mais de 50 mil profissionais por ano. “Há uma disputa internacional por esses profissionais”, aponta o diretor da Hub Cerrado.

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