Ipameri quer se consolidar como ‘cidade da cerâmica’

Criada há 56 anos como um projeto social para evitar que crianças carentes ficassem nas ruas, a Associação Adelino de Carvalho tem contribuição decisiva para que a cidade de Ipameri se consolide como “cidade da cerâmica em Goiás”. Isso porque a produção de peças de cerâmica é, desde o início do projeto, um dos cursos oferecidos. Mais recentemente, técnicas avançadas foram incorporadas à produção. Um pouco do trabalho desses artesãos pode ser visto nesta quinta-feira (13/10), na Feira Gastronômica de Ipameri, e entre 20 e 22 outubro, na Exposição Cerâmica Boa Nova, na sede do projeto.

Durante a pandemia, a Cerâmica Boa Nova começou a desenvolver técnicas inéditas para o Estado, de esmaltação e engobe. A esmaltação consiste em aplicar sobre as peças camadas vítreas, que dão cor às peças. Já o engobe é a aplicação de uma camada de argila líquida, que dá uma aparência mais rústica. O objetivo é fazer peças funcionais, como xícaras, pires e pratos, com mais valor agregado. As peças são únicas.

Para aprimorar essas técnicas, os ipamerinos estão recebendo, gratuitamente, um curso de esmaltação e engobe, oferecido pelo Projeto Cerâmica Viva, que tem apoio do Fundo de Arte e Cultura de Goiás. As aulas acontecem semanalmente e os alunos aprendem a formular as próprias cores de esmalte e a queimar as peças de argila em temperaturas superiores a 1.200ºC. E assim vão se capacitando para uma nova era de produção de cerâmica, com mais tecnologia, mas sem deixar para trás o trabalho autoral e os designs exclusivos.

“Com esse apoio, tiramos do papel o sonho de produção de uma cerâmica diferenciada, uma cerâmica utilitária, de qualidade, esmaltada”, afirmou ao EMPREENDER EM GOIÁS o diretor da Associação Adelino de Carvalho, Alberto Costa. “Foi possível transmitir essa técnica de produção para 30 alunos da nossa comunidade. A intenção é fazer com que Ipameri consolide sua posição de cidade da cerâmica em Goiás”, enfatiza.

Projeto Boa Nova

Ipameri já é conhecida por sua produção de cerâmica em Goiás. Os artesãos da cidade produzem principalmente cerâmica para jardinagem e decoração, através de técnicas artesanais que praticamente não existem em outras regiões de Goiás. As peças são produzidas artesanalmente em tornos, com argila vermelha, a chamada terracota.

O projeto Boa Nova tem atividades de segunda a sexta-feira com aulas de informática, música, cerâmica e reforço escolar, além do resgate de brincadeiras antigas. Entre 13 e 16 anos os adolescentes começam a se capacitar com aulas como as de edição de vídeo e áudio, programação e a cerâmica manual e em torno. Para isso, eles se tornam bolsistas e recebem entre R$ 180 e R$ 250 por mês.

O valor é definido por uma avaliação da escola em que o adolescente frequenta e leva em conta a frequência e a disciplina em sala de aula. Entre 16 e 17 anos esses adolescentes se tornam estagiários e começam a auxiliar os professores nas aulas dos menores. E, assim, eles ganham um pouco a mais.

Atualmente a Associação Adelino de Carvalho atende 80 crianças e adolescentes no período vespertino e já se prepara para atender outros 40 no período matutino. Todo o projeto é custeado pela venda de peças de cerâmica e também por parcerias em leis de incentivo à Cultura.