terça-feira, 30 de abril de 2024
Zeina Latif prevê um novo governo mais pragmático

Zeina Latif prevê um novo governo mais pragmático

Economista diz que o mercado está em compasso de espera sobre os primeiros movimentos do futuro governo Lula.

9 de novembro de 2022

Zeina Latif: “O mercado está em compasso de espera”

Ao contrário de países da Europa, a economia do Brasil não deve entrar em recessão e a tendência do próximo governo é de uma postura pragmática. A avaliação é da consultora econômica Zeina Latif, doutora em Economia pela Universidade de São Paulo (USP). Ela fez nesta terça-feira (8/11) em Goiânia a palestra de encerramento do 1º Congresso da Indústria, realizado pela Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg).

“O mercado está em compasso de espera. Afinal, temos de aguardar, não sabemos como será a negociação com o Congresso. Mas a tendência é de a inflação ceder, ajudando o Banco Central”, afirmou Zeina Latif.

A economista pontuou que a produção industrial de Goiás, em uma tendência diferente da nacional, conseguiu se manter, apesar das sucessivas crises. Primordialmente, em sua visão, por causa da boa gestão. “O setor conseguiu ser resiliente e agora a tendência é de uma acomodação da economia”, afirmou.

A economista frisou que a indústria é o setor que mais sofre com o custo Brasil, enfrentando insegurança jurídica e carga tributária elevada. Zeina citou que o contencioso tributário da indústria nacional é de 16%, ao passo que no mundo ele é próximo de 1%. Contudo, ela defende a modernização do setor, destacando que o parque industrial brasileiro tem uma defasagem tecnológica de 30 anos.

A palestrante também apontou como preocupante a participação cada vez maior dos produtos importados na cesta brasileira, mesmo em cenário com o dólar em alta. Outro fator é a recuperação do mercado de trabalho, além do esperado. Essa volta, no entanto, é bem desigual. “Essa piora na distribuição de renda deve afetar setores da economia que dependem mais do mercado consumidor. Eles podem enfrentar estagnação e queda”, alertou.

Reformas

Em entrevista exclusiva ao EMPREENDER EM GOIÁS, Zeina Latif defendeu a importância do papel do setor privado para fazer pressão por reformas e permitir o diálogo. Mesmo quando o próprio setor for afetado, referindo-se à reforma tributária. “Há uma responsabilidade grande do setor privado. Precisamos das reformas, que levam algum tempo para maturar e para que os efeitos possam ser sentidos”, enfatizou Zeina.

A economista citou que estudos recentes mostram os impactos positivos da reforma trabalhista realizada pelo governo de Michel Temer (MDB), em 2017. “Temos sinais bons, como o marco regulatório e concessões e precisamos avançar”, ponderou. Outra necessidade apontada por ela como urgente é a de qualificação profissional. Zeina apresentou estudos que apontam que 65,7% dos jovens brasileiros não têm habilidades, atrás de países como Equador, Colômbia, Peru, México e Uruguai.

Com a pandemia, esse atraso educacional aumentou. “Precisamos correr. Essa falta de qualificação está nos tirando a capacidade de crescer. E precisamos agir também até por exercício de cidadania”, ressaltou. Essa baixa escolaridade e a falta de habilidades específicas é um dos fatores que contribuem para essa desigualdade do mercado de trabalho. “Estamos sofrendo os efeitos das novas tecnologias e da mudança de hábitos”, reconheceu.

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