segunda-feira, 29 de abril de 2024
Ex-vendedora de bombons em Goiânia cria a edtech ITH que já formou 6 mil alunos, inclusive do exterior, com cursos na área da saúde.
Em sete anos, a edtech de educação continuada ITH formou mais de 6 mil alunos em Goiás e no Brasil. A meta é chegar ao final deste ano com 10 mil formados, nos mais de 200 cursos disponibilizados pela empresa. Desde os mais rápidos, como gestão, liderança, inovação e empreendedorismo na saúde, até os de MBA. Além dos conteúdos gratuitos. A startup goiana tem 30 colaboradores e mais de 300 docentes envolvido na produção de conteúdo.
A ITH foi fundada pela goiana Ana Claudia Camargo. Em entrevista ao EMPREENDER EM GOIÁS (EG), conta que entre 2020 e 2022, investiu cerca de R$ 3 milhões no negócio. Principalmente na produção de conteúdos, plataformas, laboratórios e estúdios. O negócio cresceu aproximadamente 300% neste período.
Mas até chegar a essa edtech com números impressionantes, Ana Cláudia teve uma trajetória de desafios. Filha de um mecânico e de uma dona de casa e comerciante, de quem herdou a paixão pelo empreendedorismo, cursava Biomedicina e era vendedora ambulante de bombons. A renda era necessária para pagar a mensalidade do curso.
Ana Cláudia ainda acompanhava a mãe nas vendas de tortas, bolos e doces. Caminhava 10 quilômetros todos os dias para ir à faculdade, porque não sobrava dinheiro para pagar as passagens de ônibus. Ainda muito jovem, perdeu a mãe, vítima de diagnósticos errados e tratamentos inadequados. Em seguida, perdeu também o pai, que era mecânico do antigo Crisa e foi uma das vítimas do acidente com o césio 137.
“Me tornei profissional de saúde também para resolver a dor que trazia comigo, pela falta de uma assistência humanizada e também de recursos para custear o tratamento deles”, diz Ana Claudia.
Foi no curso de biomedicina que a empresária descobriu a vocação para a docência, ajudando colegas. Começou a dar aulas. Mas achava a educação muito teórica e pouco prática, distante da realidade do mercado. “Comecei a ofertar cursos, entre 2013 e 2014. Locava espaços em auditórios de hotéis”, conta. Era o começo do seu futuro negócio, mas com treinamentos bem técnicos.
Com o tempo, Ana Cláudia foi expandindo sua operação e contatando pessoas que passaram por seus cursos e manifestaram interesse em novos treinamentos. Até que, em 2015, criou o Instituto Health, com cursos livres na área de saúde. “Inseri conceitos práticos, de empreendedorismo, marketing. Porque via que os alunos não tinham noção de como gerir suas carreiras e negócios”, afirma.
Assim, a empresária decidiu abrir a sua sede própria, no Setor Sul, em Goiânia, onde chegou a ter 400 alunos. Em 2019, investiu em consultoria para trabalhar com educação a distância (EAD). De tal forma que, quando veio a pandemia de Covid-19, em março de 2020, já contava com tudo pronto para ministrar as disciplinas de forma EAD e presencial.
Desta forma, o negócio que era regional se tornou nacional. Aliás, internacional. Hoje a empresa de Ana Cláudia tem alunos também nos Estados Unidos, Espanha, Colômbia, Chile e Camarões. A meta agora é fortalecer o e-commerce da empresa. “Somos a primeira plataforma de e-commerce educacional em gestão em saúde do Brasil e vamos aumentar a robustez disso, para que tenha uma parcela significativa em nosso faturamento”, diz a empresária.
A modalidade ED cresceu 486,6% no triênio 2020/2022. Em 2020, havia cerca de 10 mil pessoas cursando pós-graduação de forma remota, das quis 1,5 mil só do ITH. “Esse é o futuro. Eu tive a vida transformada pela educação e acredito nisso”, afirma a ex-vendedora ambulante.
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