segunda-feira, 29 de abril de 2024
Média dos juros dos bancos chega a 44% ao ano

Média dos juros dos bancos chega a 44% ao ano

O comportamento dos juros bancários ocorre em um momento em que a taxa básica da economia (Selic) está no maior patamar desde janeiro de 2017.

29 de março de 2023

A taxa média de juros das concessões de crédito teve alta de 7,7 pontos percentuais (pp) nos últimos 12 meses. Assim, chegou a 44,2% ao ano em fevereiro. No mês, o aumento foi de 0,7 pp, segundo as estatísticas divulgadas nesta quarta-feira (29/3) pelo Banco Central (BC). Nas novas contratações para empresas, a taxa média do crédito ficou em 24,2% ao ano, alta de 2,7 pp em 12 meses. Nas contratações com as famílias, a taxa média de juros alcançou 58,3% ao ano, alta de 10,2 pp em 12 meses.

No crédito livre, os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Já o crédito direcionado, que tem regras definidas pelo governo, é destinado basicamente aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito.

No caso do crédito direcionado, a taxa para pessoas físicas ficou em 10,3% ao ano em fevereiro, com alta de 1,8 pp em 12 meses. Para empresas, a taxa teve aumento de 2 pp em 12 meses, indo para 13,2% ao ano. Assim, a taxa média no crédito direcionado chegou a 11% ao ano, alta de 1,8 pp em 12 meses.

Taxa Selic

O comportamento dos juros bancários ocorre num momento em que a taxa básica da economia, a Selic, está no maior nível desde janeiro de 2017, em 13,75% aa. Em março do ano passado, o BC iniciou um ciclo de aperto monetário, em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. O Banco Central avalia que a alta na Selic tem sido repassada para as taxas finais de diferentes modalidades de crédito. Mas o Copom não descarta a possibilidade de novos aumentos caso a inflação não caia como o esperado.

Cartão de crédito

Para pessoas físicas, o destaque é o cartão de crédito, cujas taxas tiveram alta de 28,2 pp em 12 meses, alcançando 101,4% ao ano. No crédito rotativo, que é aquele tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão e dura 30 dias, houve alta de 6 pp de janeiro para fevereiro e aumento de 62,2 pp em 12 meses. Ou seja: 417,4% ao ano.

Após os 30 dias, as instituições financeiras parcelam a dívida. Nesse caso do cartão parcelado, os juros subiram 7,6 pp no mês e 15,3 pp em 12 meses, indo para 189,6% ao ano. No cheque especial também houve alta de 6,3 pp no mês e de 4,9 pp em 12 meses, indo para 137,4% ao ano. Já a taxa do crédito consignado teve estabilidade no mês e alta 3,8 pp em 12 meses (26,7%). No caso do crédito pessoal não consignado, os juros subiram 2,4 pp no mês de fevereiro e 3,3 pp em 12 meses (86,7% ao ano).

Menos empréstimos

Segundo o Banco Central, a manutenção dos juros em alta, resultado do aperto monetário, e a própria desaceleração da economia a partir do segundo semestre do ano passado, contribuíram para a desaceleração do crédito bancário. No mês passado, as concessões de crédito caíram 10,5% para as pessoas físicas e 8,1% para empresas.

Já a inadimplência (considerados atrasos acima de 90 dias) tem se mantido estável há bastante tempo, com pequenas oscilações, e registrou 3,3% em fevereiro. Nas operações de crédito livre para pessoas físicas, ela está em 6,1% e para pessoas jurídicas em 2,4%. O endividamento das famílias ficou em 48,8% em janeiro, com quedas de 0,2% no mês e de 1% em 12 meses. Com a exclusão do financiamento imobiliário, que pega um montante considerável da renda, ficou em 31% no primeiro mês do ano.

Já o comprometimento da renda ficou em 27,1% em janeiro, redução de 0,2% na passagem do mês e aumento de 0,5% em 12 meses.

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Não será publicado.

One thought on “Média dos juros dos bancos chega a 44% ao ano”

  1. As taxas de juros no Brasil, priorizam o rentismo em detrimento do setor produtivo. A justificativa para isso sempre recaiu no spread bancário, que nada mais do que a diferença entre o valor de capitação de recursos e o que se empresta no país.
    Sobre esse valor recai o risco e o que se chama de assimetria de informações, situações que acabam onerando o crédito.
    Na verdade mesmo com a inflação, persistente não justifica uma taxa Selic de 13,75%, haja vista que a inflação, em nenhum momento pós COVID-19, foi de demanda e sim de custos.