terça-feira, 30 de abril de 2024
Semana de 4 dias de trabalho pode ser testada em Goiás

Semana de 4 dias de trabalho pode ser testada em Goiás

Especialistas goianos em RH aprovam iniciativa; ramos de tecnologia e consultoria devem ser contemplados.

19 de maio de 2023

A semana de trabalho de quatro dias, aprovada no Reino Unido e em teste em países ao redor do mundo, será testada no Brasil. Inclusive, em Goiás. Segundo especialistas em Recursos Humanos ouvidos pelo EMPREENDER EM GOIÁS (EG), os segmentos de tecnologia e consultoria devem ser os primeiros contemplados.

A iniciativa é da ONG 4 Day Week Global e a Universidade de Boston, em parceria com a empresa brasileira Reconnect Happiness at Work (Reconecte a felicidade no trabalho, em tradução livre). O piloto será testado no período de novembro de 2023 a maio de 2024. As inscrições serão feitas até agosto e, em setembro, as empresas terão acesso à metodologia do estudo.

Especialistas veem vantagens na proposta, principalmente no cenário de escassez de mão de obra que afeta praticamente todos os setores da economia. “Acho que vai pegar no Brasil, a exemplo do que aconteceu em alguns lugares do mundo”, avalia a consultora Helena Ribeiro, sócia-fundadora do Grupo EMPZ.

Ela cita, além do Reino Unido, Portugal, Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia e África do Sul e argumenta que o Brasil não pode ficar para trás. “Já sabemos que empresas que aderiram, estão em teste e devem anunciar em novembro”.

Cautela

Gerente de RH da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) e advogado, Mateus Mariano Gomes Borges pondera que é preciso ter cautela, porque uma mudança assim implicaria mudanças organizacionais e na legislação também. “Não é algo 100% novo, há uma pequena parcela de empresas, principalmente do ramo de tecnologia, engenharia de software e desenvolvimento, que já adotaram modelos arecidos,pensando em paradigmas da América do Norte e da Europa”, avalia.

Igualmente há gestores em Goiás discutindo a semana 4×3. Tanto Helena quanto Mateus apontam que a pandemia acelerou novas modalidades, como o trabalho remoto. “No pós-pandemia, há uma busca constante por situações que possam favorecer a saúde e o bem-estar das pessoas, tanto que há um fenômeno já mostrado pelo EMPREENDER EM GOIÁS, de pessoas saindo das empresas em busca dessa qualidade de vida”, pondera Helena.

Helena Ribeiro: “É preciso ter engajamento e participação dos funcionários, além das lideranças”

Legislação

Antes de mais nada, Mateus Mariano alerta que é preciso fazer uma discussão sobre o aspecto legal da proposta. “É preciso ter muita cautela, mesmo porque a legislação brasileira é complexa e protecionista e isso precisará ser muito bem discutido”, avalia. Além disso, uma mudança desse porte terá reflexos na cultura organizacional da empresa.

“Para que isso possa acontecer, é preciso ter engajamento e participação dos funcionários, além das lideranças. Analogamente, deve-se criar modelos de gestão que possam ter medidas de produtividade e eficiência a partir de metas”, enumera Helena. Outro aspecto é a organização da comunicação com clientes e o público externo , além de otimizar processos, com o uso da tecnologia.

Os especialistas em RH também ponderam que não se trata de uma concessão, mas de busca por eficiência. “O objetivo não é reduzir a carga horária do empregado de 44 para 32 horas, mas sim gerar mais produtividade e eficiência no trabalho”, destaca Helena. Nesse sentido, um dia a mais para que o funcionário possa cuidar de sua saúde e da família, entre outras atividades, pode trazer mais satisfação e comprometimento com metas e resultados.

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