segunda-feira, 29 de abril de 2024
Industrialização avança nas cooperativas em Goiás

Industrialização avança nas cooperativas em Goiás

Investimentos em agregação de valor fazem com que cooperativas goianas respondam por mais de 10% da economia goiana.

25 de junho de 2023

Fábrica da Complem: nos próximos dois anos devem ser investidos mais até R$ 50 milhões.

A industrialização levou o sistema de cooperativas no Estado de Goiás a um salto de receita e à consolidação como modelo de atividade econômica. “A agregação de valor por meio da industrialização é responsável por termos a maior empresa goiana sendo uma cooperativa (Comigo, de Rio Verde) e por sermos responsáveis por mais de 10% do PIB goiano”, assegura o presidente do Sistema OCB/GO, Luís Alberto Pereira. Ele acrescenta que a projeção é de chegar a 2027 com faturamento de R$ 50 bilhões no cooperativismo goiano.

Para o presidente da OCB/GO, a industrialização é um processo natural, que normalmente tem início quando as empresas começam apenas comercializando os produtos de seus cooperados. “À medida que esse processo vai ganhando estrutura, há a necessidade de dar maior retorno aos cooperados e uma das maneiras de se fazer isso é por meio da agregação de valor com a industrialização”, explica.

Foi assim com a Complem, a Cooperativa Mista dos Produtores de Leite de Morrinhos. Fundada em 1978 por um grupo de 200 produtores de leite que se uniu para enfrentar dificuldades na venda da matéria-prima. Hoje são aproximadamente 6 mil cooperados, 950 colaboradores e um faturamento anual de mais de R$ 1 bilhão, em 2022 . Há filiais da Complem em 14 municípios. Os produtos também se diversificaram.

Investimentos

Além de derivados do leite – como requeijão, queijo, doces, produtos culinários e leite longa vida –, a Complem tem uma fábrica de ração que funciona em três turnos, armazéns de grãos, misturador de fertilizantes, loja de produtos agrícolas e até posto de combustíveis e supermercados. “A prioridade é para nossos cooperados, mas atendemos o público”, explica ao EMPREENDER EM GOIÁS (EG) o diretor de Produção da Complem, Igor de Souza Cândido.

Nos últimos cinco anos, conta o diretor, houve um sólido crescimento na área agrícola. Recentemente a cooperativa adquiriu um terreno, que já tem 16 mil metros quadrados de área construída, onde vai instalar seu centro de distribuição. E busca mercados novos, como o Norte de Goiás e o Estado do Tocantins. O leite, que está presente no nome da cooperativa, hoje responde por 25%. “Nosso carro chefe hoje são os produtos agrícolas”, relata Igor Cândido. Segundo ele, a cooperativa vai investir nos próximos dois anos entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões.

Aprendizagem

Entre os novos investimentos da Complem, estão a usina de beneficiamento de sementes e a modernização da indústria de laticínios. “São vários projetos em andamento”, diz o diretor. Candido destaque que é fundamental o apoio dos produtores associados, além do uso da tecnologia para o aprimoramento. Igor Cândido destaca ainda o apoio do Sistema OCB e dos serviços de aprendizagem, como o Sescoop, o Senar e o Sebrae.

O presidente do Sistema OCB/GO diz que a instituição apoia os cooperados na inserção em mercado, intercooperação e com assessorias contábil, fiscal e jurídica. “De forma especial, apoiamos com o nosso serviço de aprendizagem no cooperativismo, o Sescoop. Ele apoia as cooperativas na questão de formação profissional de dirigentes e colaboradores e auxilia na gestão e governança”, explica.

Saúde financeira

Os investimentos feitos ao longo dos últimos 20 anos deram à Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo) uma situação financeira “invejável”. Segundo define o diretor de Apoio Industrial da cooperativa, Paulo Carneiro Junqueira. Nos últimos dez anos, a Comigo investiu R$ 1 bilhão em realizações como dez armazéns construídos, nova fábrica de ração em Rio Verde, indústria de mistura de sal mineral, entre outros.

A Comigo tem 10,2 mil cooperados, está presente em 20 municípios e esmaga 5,5 mil toneladas de soja por dia. Neste ano deve faturar mais de R$ 15 bilhões. Atualmente, a cooperativa está construindo aquele que será o maior armazém do estado, para receber 180 mil toneladas soja, milho e sorgo. Ele fica em Mineiros e deve ser entregue em 15 de janeiro de 2024. Só nessa unidade estão sendo investidos aproximadamente R$ 150 milhões, incluindo terrenos e rede elétrica.

Um desafio apontado pelo diretor da Comigo são os altos juros da economia, cuja responsabilidade o diretor da cooperativa atribui ao atual governo federal. “Gasta mais do que arrecada”, justifica. “Nesse contexto, com juros tão altos, é inviável fazer investimentos, porque o risco é muito grande”, diz. No entanto, graças aos recursos disponíveis, a Comigo vem investindo. Em agosto, será inaugurada uma loja de produtos agrícolas em Serranópolis.

Saiba mais: Goiás tem 14 cooperativas bilionárias

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Não será publicado.