domingo, 28 de abril de 2024
Em Goiânia, dos 152,8 mil microempreendedores individuais, apenas 589 são de outros países. Em Goiás, representam apenas 0,5% do total.
Saturnina Costa é estilista e produtora de eventos. Sua marca Nyna Koxta ganha espaço em desfile e vendas, principalmente por meio da internet. Especialmente, difundindo a cultura e a ancestralidade de seu país, a Guiné Bissau, e do continente africano. Já Jesús Alvarez é ourives e deixou seu país natal, a Venezuela, para fugir da crise e realizar o sonho de empreender. Os dois têm em comum o fato de serem microempreendedores individuais (MEI) de origem estrangeira em Goiânia.
Estrangeiros empreendendo em Goiás ainda são uma pequena minoria. Mas têm crescido, segundo dados do Sebrae. Levantamento com base nas inscrições na Receita Federal mostra que, no Estado, os MEI nascidos em outros países são apenas 1.392 entre os 543.756 registros. Colombianos (260), venezuelanos (168), portugueses (119) e haitianos (110) são maioria. Seguidos de senegaleses (92), peruanos (65) e argentinos (56).
Em Goiânia, proporcionalmente, há ainda menos MEI de outras nacionalidades: são 589 entre 152.827 registrados. Também na capital os colombianos são mais numerosos (109), com os haitianos (58) em segundo lugar, à frente dos venezuelanos (54). Vêm em seguida senegaleses (53), portugueses (49), peruanos (30) e argentinos (25).
Saturnina começou a trabalhar com moda em 2014. “Sempre gostei de usar roupas coloridas, turbante, óculos, sempre gostei de moda”, conta. Foi em uma formatura que ela recebeu um pedido inusitado, que chamou sua atenção: encapar um sapato que a formanda estava usando com tecido afro, porque iria combinar. Ela fez um trabalho manual e ficou perfeito. “Enxerguei uma oportunidade de negócio, fazer trabalho manual encapando bolsas, sapatos, para ter renda extra”, lembra. Era uma renda da qual ela precisava para se formar em Ecologia e Análise Ambiental pela UFG.
Ela começou com 20 pares de sapato com dinheiro que sua orientadora emprestou. “Hoje estou com uma linha extensa de produtos, nem trabalho mais com sapatos, mas de roupas, acessórios. Eu senti que havia essa necessidade de empreender, fazer essa troca cultural e ancestral através de tecido e de moda”, pontua Saturnina. “Sabia que era muito difícil conseguir emprego sendo estrangeira, tive de criar minha própria empresa, me reinventar, descobrir coisas novas”. Atualmente, além de roupas e acessórios, a empresária trabalha com brincos, colares e produtos de cama, mesa e banho, todos com a marca da ancestralidade africana.
Jesús Álvares chegou a Goiânia há cinco anos. A primeira chance que teve foi um trabalho em empresa de semijoias, de onde ele saiu para montar o seu próprio negócio. “Encontrei muitas oportunidades no Brasil, em comparação com o meu país”, frisa. A tentativa deu certo e há quatro anos Jesús Alvarez se tornou microempreendedor individual (MEI). Atualmente, ele faz serviços de ourivesaria para cinco empresas de semijoias. Trabalha com a parte de acabamento e já conta com um ajudante. “Minha mentalidade sempre foi essa, de realizar”, relata. Jesús recorreu a uma contadora para registrá-lo no MEI e elogia a rapidez do processo de formalização.
Conforme o Sebrae, o número de MEI estrangeiro cresceu 73% nos últimos quatro anos, o que demonstra que muitos imigrantes que vêm para o Brasil têm encontrado no empreendedorismo uma alternativa de vida. Com efeito, a atividade que mais concentra estrangeiros está relacionada com o comércio varejista de artigos, peças e acessórios do vestuário (25,1%), seguida por cabeleireiros e atividades de tratamento de beleza (5,7%), atividades de ensino (5,1%) e restaurantes e estabelecimentos de alimentação e bebidas (3,9%).
1º Venezuela: 10.360 (14%)
2º Bolívia: 9.882 (13,3%)
3º Colômbia: 6.613 (8,9%)
4º Argentina: 5.727 (7,7%)
5º Haiti: 4.148 (5,6%)
6º Uruguai: 3.450 (4,6%)
7º Peru: 3.280 (4,4%)
Fonte: Sebrae
