domingo, 28 de abril de 2024
Copom faz novo corte de 0,5 nos juros básicos

Copom faz novo corte de 0,5 nos juros básicos

Copom promove novo corte de 0,5 ponto nos juros básicos e lideranças empresariais goianas cobram mais ousadia por parte do Banco Central.

20 de setembro de 2023

“Os juros praticados ainda estão bem elevados”, afirma Mabel

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (20/9) por mais um corte de 0,5 ponto nos juros básicos da economia. Assim, a taxa Selic passou de 13,25% para 12,75% ao ano. Apesar disto, continua no patamar mais elevado desde maio do ano passado. A decisão do Copom já era esperada pelo mercado.

Entretanto, o tamanho do corte não agradou lideranças do setor produtivo em Goiás. Para o presidente da Fieg, Sandro Mabel, o BC acerta ao reduzir a Taxa Selic, mas frisa que há espaço para corte maior. “Os juros praticados ainda estão bem elevados. Isso não favorece os investimentos do setor produtivo na aquisição de máquinas e equipamentos. Inclusive na contratação de capital de giro para solução rápida contra o estrangulamento financeiro” frisa.

Segundo Mabel, é fundamental para o setor produtivo que haja uma maior redução dos juros de forma continuada. Para que o efeito seja sentido na ponta de forma mais célere, quando da liberação de empréstimos e financiamentos. “A divulgação positiva do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre e os dados do mercado de trabalho, que continuam a mostrar desempenho ascendente, com criação de empregos e aumento da massa salarial, consistem em fatores relevantes para sustentar uma redução mais agressiva”, defende o presidente da Fieg.

Mais ousadia

O presidente do Sistema OCB/GO, Luís Alberto Pereira, também avalia que a redução dos juros básicos é positiva. Mas cobra maior ousadia da autoridade monetária brasileira. “O BC continua apegado à sua política conservadora. Há espaço para ser mais agressivo e fomentar a recuperação da capacidade de investimentos de forma mais rápida no Brasil”, afirma.

O líder do cooperativismo goiano lembra que a inflação oficial do País, medida pelo IPCA, está em trajetória de queda e já dentro da banda de metas do Banco Central para 2023. Além disso, afirma que a economia brasileira tem apresentado potencial de crescimento acima de 3% para este ano.

“São indicadores que mostram que o Brasil tem capacidade de crescer de forma consistente e forte, sem gerar risco inflacionário. Se a redução dos juros básicos for maior, ela começará ter efeito prático na economia somente no início do próximo ano. Portanto, na nossa opinião, há espaço para cortes maiores, que vão ajudar a economia brasileira a crescer mais de 4% em 2024, gerando empregos e renda”, enfatiza Luís Alberto Pereira.

Há espaço para o BC ser mais agressivo, avalia Luís Alberto

Comércio

Presidente da Fecomércio Goiás, Marcelo Baiocchi, afirmou que a nova redução dos juros pelo Copom é benéfica para o comércio de bens, serviços e turismo de Goiás e do Brasil. “O novo corte contribui para a confirmação das projeções de revisão, para cima, do crescimento das vendas no segundo semestre de 2023. Os juros menores tornam o crédito mais barato e aumentam a confiança do consumidor no futuro da economia”, frisou.

Segundo ele, a redução da Selic vai ajudar a impulsionar as vendas no último quadrimestre de 2023, em especial na Black Friday e no Natal. Haverá impacto positivo também no turismo, com destaque para os destinos domésticos. Levantamento feito pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta crescimento anual de 2% para o varejo, 4% para os serviços e de 8,8% para o turismo. Em Goiás, as médias de crescimento dos três setores deverão ser superiores à nacional.

Cortes graduais

Para o economista Júlio Paschoal, a nova taxa Selic é positiva para a recuperação da indústria e auxiliará no crescimento dos serviços e do agronegócio. Ele acredita que o Copom continuará com cortes graduais. Isso porque, no cenário interno, os indicadores econômicos são favoráveis. Lembrou que o PIB tem projeção anual de 3,2%; a receita está em crescimento com a tributação de segmentos até então isentos; a taxa de desemprego está em queda, as contas externas superavitárias, inflação dentro do intervalo aceito pelo Banco Central e o dólar em torno de R$ 5.

Em relação ao cenário externo, Júlio Paschoal cita os problemas de ordem climática, puxados pelo efeito estufa e aquecimento solar pela utilização maciça de combustíveis fósseis, as taxas de inflação persistem nos EUA, na casa de 5,0%, com juros básicos em torno de 5,25%. O conflito entre Rússia e Ucrânia, se mantém estável, enfim nada que modifique a conjuntura econômica atual.

Wanderley de Faria é jornalista especializado em Economia e Negócios, com MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela FIA/FEA/USP - BM&FBovespa

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One thought on “Copom faz novo corte de 0,5 nos juros básicos”

  1. Rita Minami disse:

    Muito esse texto. PARABÉNS!