segunda-feira, 29 de abril de 2024
Real teve a 3ª maior desvalorização em dez anos

Real teve a 3ª maior desvalorização em dez anos

Frente ao dólar, a moeda brasileira perdeu 54% do seu valor em dez anos. Mas em 2023 tem experimentado uma gradual valorização.

25 de setembro de 2023

Segundo dados da consultoria financeira L4 Capital e da plataforma Investing, o real teve a terceira maior desvalorização em relação ao dólar entre moedas sul-americanas nos últimos 10 anos. Frente ao dólar, a moeda brasileira perdeu 54% do seu valor. Em setembro de 2013, há 10 anos, era possível adquirir US$ 1 por aproximadamente R$2,30. Hoje, esse valor chega a quase R$ 5,00. Vizinhos como Argentina e Uruguai viram suas moedas perderem ainda mais valor, com 98,3% e 70,2%, respectivamente.

De acordo com Sandro Francioli, especialista da Ourominas, a desvalorização do real foi contribuída por diversos fatores ao decorrer desses últimos anos. Como a crise do Petróleo, que ocorreu entre 2014 e 2015. E com essa queda dos preços do petróleo, a arrecadação fiscal do governo brasileiro sofreu um impacto negativo, além de afetar as atividades de exploração do material. “Junto a isso, passamos por uma crise política que afetou a confiança de investidores no país. Em 2014 iniciou-se o escândalo de corrupção do governo brasileiro, o chamado escândalo do petrolão”, diz.

Incertezas

Segundo o especialista, já em 2017 e 2018, o Brasil começou a se recuperar da crise econômica. Houve uma queda da inflação e uma recuperação do PIB. “Mas ainda assim, a desvalorização do real permaneceu, pois houve incerteza econômica no país. O desemprego continuou alto e houve muita instabilidade política, com o impeachment da presidente Dilma Rousseff”, lembra Sandro.

Além de um ambiente externo instável, onde houve aumento das taxas de juros no EUA em cerca de 4% de 2013 até 2022 (atualmente está próximo de 6%). “Isso trouxe muitos impactos negativos para a moeda brasileira, como o aumento dos preços das importações, o que fez com que a inflação aumentasse, além da elevação do preço dos combustíveis e da energia, que afetou diretamente os consumidores”, enfatiza Francioli.

Valorização

Já neste ano o real tem experimentado forte valorização. No acumulado de 2023, a moeda americana perdeu 7,7% de valor frente ao real. Alexandre Viotto, Head de Solutions da EQI Corretora, explica que o real tem se fortalecido frente ao dólar na esteira das commodities. “Quando temos commodity para cima, a moeda emergente, a exemplo do real, tende a se valorizar”, afirma.

Head de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio, Diego Costa lembra que a moeda brasileira tem mantido firme valorização neste ano. Costa ressalta que essa valorização também está relacionada a avanços nas políticas fiscais, como a aprovação do arcabouço fiscal e a expectativa de votação da reforma tributária, além de um cenário externo favorável aos ativos de risco. “Essas ações contribuem para melhorar a imagem do Brasil, que passa a ser visto como mais comprometido com o controle de suas finanças”, explica.

“Como a nossa perspectiva de inflação está controlada, já iniciamos um ciclo de cortes de juros, e com expectativa de um pouso suave nos EUA e na Europa, o diferencial de prêmio oferecido por investimentos no real deve continuar atraente”, frisa.

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