terça-feira, 30 de abril de 2024
Calor e falta de chuvas já afetam a safra goiana

Calor e falta de chuvas já afetam a safra goiana

O calor extremo e o baixo volume de chuvas prejudicam a safra goiana 2023/24, cujo plantio já está atrasado.

16 de novembro de 2023

De acordo com a FAEG, o plantio de soja já está atrasado em Goiás, com pouco mais de 50% da safra plantada

O calor extremo e o baixo volume de chuvas já prejudicam a safra 2023/24, cujo plantio está atrasado. A Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) projeta um cenário de baixa produtividade, embora considere prematuro falar em números. A primeira estimativa do IBGE para a produção agrícola brasileira no ano que vem, divulgada na semana passada, aponta para redução de 2,8% na safra de 2024. Isto equivale a 8,8 milhões de toneladas.

Pode haver também aumento de custos para os produtores e de preços para o consumidor final. Assessor técnico de Agricultura da Faeg, Leonardo Machado avalia que a previsão é de redução na produtividade, principalmente para a safra e a safrinha. “Isso se deve ao atraso no plantio e condições climáticas adversas, começando a preocupar o setor sobre o que será colhido no próximo ano”, afirma para o EMPREENDER EM GOIÁS.

A princípio, é certo que o fenômeno meteorológico El Niño – que vem sendo chamado por climatologistas de “Super El Niño – e as condições de alta temperatura e baixa precipitação levarão a números menores na próxima safra em relação ao ano passado.

De acordo com Machado, o plantio está atrasado. Hoje, pouco mais de 50% da safra já foram plantados. “No ano passado, nesta mesma época, já nos aproximávamos dos 80% a 85%, principalmente mais ao norte do estado”, compara. Nesse ínterim, até mesmo áreas irrigadas com pivô ainda não fizeram o plantio por causa da alta temperatura. “Esse atraso, somado às condições climáticas adversas, configura um cenário de baixa produtividade”, projeta o analista da Faeg.

Perdas

“De fato estamos tendo um período de muitas incertezas climáticas em relação às chuvas e ao calor”, corrobora o economista Luiz Carlos Ongaratto. Com efeito, ele lembra que no ano-safra passado o clima foi muito positivo para a produção de grãos e de cana-de-açúcar, que foi marcada por safra recorde. “Neste ano também se esperava um recorde, por conta das chuvas em agosto, setembro e até mesmo em outubro. Porém, em novembro estamos enfrentando calor extremo e pouca chuva”, enfatiza.

Ongaratto destaca que tudo indica que haverá perdas, principalmente por quem está plantando grãos agora, como é o caso da soja. “Possivelmente esse produtor terá custos extras para replantar e/ou queda de produtividade”, avalia. “Além disso, dependendo da região, temos visto um percentual muito pequeno de chuvas, 10%, 15% da média histórica. Já passamos da metade do mês e não temos visto essas chuvas”, acrescenta o economista.

Pressão sobre preços

Por causa das altas temperaturas, muitas lavouras também não têm brotado. Ongaratto confirma que há regiões que não têm potencial de irrigação e prevê que isso vai gerar um problema de oferta. “A proteína animal pode ficar mais cara por conta das rações e pode haver uma quebra de safra, apesar de ainda ser muito cedo para avaliar. Mas certamente haverá perdas e custos de replantio”, pontua.

Embora seja possível que haja uma pressão de preços no futuro, o economista ressalta que ainda é prematuro para avaliar qual de fato será o tamanho desse impacto. “Com as informações que temos até o momento, baseados em dados históricos, temos um cenário de menor oferta de produtos e uma safra menor. Por consequência, poderemos ter aumento de preços”, adianta.

Ongaratto explica que é possível que o preço mais elevado não gere perdas econômicas no PIB de Goiás. Mas opina que para o consumidor pode haver algum problema, especialmente na produção de alimentos em geral e na parte das proteínas.

Clima

O clima é um fator decisivo para uma produção agrícola, sendo ele um balizador do calendário e velocidade de plantio, da maturação e desenvolvimento das lavouras e do potencial produtivo. O calor é determinante para uma safra. O momento atual é de plantio para uma colheita futura. Dessa forma, no processo, a umidade do solo, luminosidade e regularidade hídrica são necessárias para toda e qualquer cultura prevalecer.

“A soja possui um ciclo médio de 90 a 120 dias de cultivo. O processo é formado basicamente por três grandes fases: vegetativa, reprodutiva e maturação. Em seu ciclo, a soja necessita de volumes de chuva na ordem de 550-650 mm/ciclo. Já o milho um ciclo médio de 115 a 130 dias, necessitando de 400-700 mm/ciclo. Essa chuva não pode, em hipótese alguma, vir concentrada de uma única vez. Ela necessita ter a cadência necessária para cada fase da planta, principalmente na fase reprodutiva. Com essa onda de calor, essa situação pode não acontecer”, comenta Enrico Manzi, da Biond Agro.

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