sábado, 27 de abril de 2024
Moda: indústria goiana fatura mais de R$ 10 bilhões

Moda: indústria goiana fatura mais de R$ 10 bilhões

O estado representou 5,5% no faturamento brasileiro no segmento de moda e confecção, que enfrenta desafios para crescer.

21 de março de 2024

Cláudio Schwaderer: “Costumo dizer que aqui não fazemos estampas e, sim, obras de arte”

O ramo da indústria têxtil e de confecções de Goiás registrou faturamento de R$ 10,6 bilhões em 2021, segundo dados do Instituto Estudos e Marketing Industrial (IEMI). Isso representou uma fatia de 5,5% de participação no faturamento do setor no país. Os números refletem a intensa procura de mercadorias nos principais pólos da moda em Goiânia e, também, no interior do estado.

O presidente do Sindicato das Indústria de Fabricação de Roupas em Geral (Sinroupas), Edilson Borges, pontua que a moda goiana é diferenciada se comparada com a de outros estados. Cita a criação, o acabamento e a entrega como pilares de produtos com boa qualidade. “Hoje, nós fazemos moda. Não copiamos. Somos um celeiro de grandes estilistas formados pelas nossas universidades e os exportamos para todo o Brasil”, destaca.

O sucesso de Goiás no ramo pode ser descrito em números. O setor têxtil conta com 374 empresas no estado e o de confecção com 2,6 mil. Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais.
Sobre os trabalhadores, o setor têxtil conta com 3,6 mil profissionais e o de confecção tem 21,3 mil empregados. Os dados de 2021 são os mais recentes.

Apesar disso, os primeiros meses de 2024 têm sido de cautela em relação às vendas. “Janeiro e fevereiro são meses que não tendem a ser bons de vendas. Mas a nossa expectativa é que, em abril, esse cenário mude e as pessoas venham comprar em Goiânia. A gente entende que muitas pessoas têm preferido comprar pela internet, mas estamos fazendo um trabalho para o povo voltar à capital”, afirma.

Indústria

Uma das empresas que contribuiu para destacar Goiás no setor têxtil e de confecções foi a Sallo, a maior no segmento de confecção do Centro-Oeste brasileiro. Sediada em Aparecida de Goiânia, atualmente produz 3 milhões de peças por ano. O diretor industrial da indústria, Cláudio Schwaderer, pontua que os números foram possíveis graças ao trabalho diferenciado.

“Eu costumo dizer que aqui não fazemos estampas e, sim, obras de arte. Já que é um processo que requer muito cuidado. Para se ter uma ideia, tem estampas que precisam ser repassadas até 45 vezes sobre uma tela. Então, se tornam obras de arte. Além disso, a Sallo busca fazer um produto diferenciado”, destaca.

Apesar da representativa fabricação, a mão-de-obra qualificada, segundo Cláudio, acaba sendo um problema que contribui para que a Sallo não produza ainda uma quantidade maior.

“A empresa está presente em todo o país, mas ainda não conseguimos exportar nossas peças. Temos planos e estamos realizando estudos para tanto. Mas confesso que temos dificuldades de atender o mercado interno pela falta de mão-de-obra qualificada”, afirma.

Mais impasses

Além disso, a qualidade do produto é devido ao tecido desenvolvido e fabricado pela própria empresa. Entretanto, o trabalho de tecelagem e tintura do fio PV – utilizado na fabricação – é feito em Santa Catarina. Isso, também, acaba contribuindo para o processo de 45 dias para produzir uma peça, que poderia acontecerem tempo menor.

“Hoje não tem ninguém que tece ou tenha uma tinturaria aqui em Goiás. O estado está em terceiro lugar na produção de roupas e não tem uma empresa que faça tecelagem ou tinge essa malha. O polo é Santa Catarina e, depois, vem tudo para cá. Temos o Porto Seco em Anápolis e o governo poderia dar incentivo para que empresas desse segmento venham para Goiás”, frisa.

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