domingo, 28 de abril de 2024
Lojistas goianos buscam sobreviver ao comércio digital

Lojistas goianos buscam sobreviver ao comércio digital

Empresas maiores migraram para o comércio digital, enquanto os menores têm tido dificuldades. Mas é um caminho sem volta.

11 de maio de 2023

“Há necessidade de buscar uma regulação concorrencial mais equilibrada”, diz Baiochi

Pequenos e médios lojistas goianos estão com dificuldade para se adaptar ao novo comportamento dos consumidores que explodiu durante a pandemia: as compras pelo meio digital. Os grandes players migraram sem traumas para as plataformas de compras. Contudo, as menores empresas muitas vezes são engolidas pela situação. “É uma mudança muito rápida e também um caminho sem volta”, aponta o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Goiás (Fecomércio-GO), Marcelo Baiocchi.

Não apenas os sites chineses representam uma concorrência vista pelos lojistas como desleal, mas também os varejistas eletrônicos de grande porte. Aliás, para o presidente da Fecomércio, a solução passa pela regulação desse cenário. “Penso que, por meio de tributação, seria possível frear um pouco essas lojas que concorrem de forma desleal”, diz.

“É preciso buscar uma regulação concorrencial mais equilibrada. Não dá para um portal chinês, onde a mão de obra e os produtos são mais baratos, concorrer com uma empresa instalada em Goiás, que tem um encargo tanto tributário como na folha de pagamento – e outros – muito maior”, compara Baiocchi.

Oportunidade

Em contrapartida, o novo hábito de consumo pode ser visto como uma oportunidade. É o que avalia a gerente administrativa e financeira da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Goiânia, Hélia Gonçalves. “É uma importante oportunidade para alavancar o faturamento das empresas. Para isso, os lojistas devem diversificar suas ofertas também para as redes sociais e entender melhor o universo on-line. Nem que seja em grupos de WhatsApp destinados a vendas”, sugere.

A busca por lojas físicas também deve permanecer. A gerente da CDL Goiânia cita dos resultados do levantamento de intenções realizado pela instituição em relação ao Dia das Mães deste ano: 80% têm intenção de comprar e a projeção é de R$ 225 milhões em vendas na capital. O local preferido é o shopping center. “O consumidor tradicional gosta de ir à loja”, justifica.

Marcar presença

Presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Goiás (FCDL), Valdir Ribeiro aponta que a concorrência com o comercio digital é difícil. Mas pondera que os pequenos e médios lojistas de rua precisam também marcar presença na internet. “É preciso investir em um bom marketing digital. Essa ferramenta é fundamental para fazer os seus anúncios chegarem corretamente no seu público-alvo, aquele que compra pela internet”, sugere.

Da mesma forma, o presidente da FCDL aponta como importante também oferecer programas de recompensa. Como pontos de fidelidade convertidos em desconto em uma outra compra. “O público que compra na loja física é cativo, mas o consumidor que prefere a internet não deve ser ignorado. É preciso dar a esse público a opção de chegar à sua loja por meios digitais”, recomenda.

Marcelo Baiocchi acrescenta que outra ferramenta que os comerciantes podem usar são plataformas mais simples de operar. “São grupos de conversa, a exemplo do WhatsApp, Telegram e redes sociais, como o Instagram, Facebook e TikTok. São mídias que geram negócios. E também aderir a grandes plataformas de negócios, que disponibilizam espaços para oferta de produtos”, aconselha.

Varejo físico

Para Rogério Albuquerque, head de produtos da Card, empresa especialista em soluções tecnologia, o comércio digital está mais forte, mas não representa um declínio do varejo físico. “É evidente que o varejo digital cresceu muito. Mas, culturalmente, o consumidor brasileiro é muito ligado ao varejo físico, ao processo de ver, sentir e tocar os produtos, mesmo depois de fazer todas as pesquisas necessárias. O varejo físico continua muito presente e esse cenário não vai se alterar nos próximos anos”, explica.

Para ele, a consolidação do consumidor no ambiente digital não diminui a importância do varejo físico para a venda de produtos e serviços. De acordo com o Indicador de Atividade do Comércio da Serasa Experian, as vendas do varejo físico no Brasil cresceram mais de 6% em janeiro, comparado ao mesmo período de 2022. É o maior número registrado pelo indicador em 18 meses, quando chegou a 10,6% em julho de 2021.

Saiba mais: Vendas online crescem 49% neste ano em Goiás

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