O principal financiador da nova política industrial será o BNDES, com R$ 65,1 bilhões. A Finep e a Embrapii bancarão o restante.
O presidente Lula (PT) prometeu nesta quinta-feira (6/7) investir, até 2026, R$ 106,16 bilhões para impulsionar a nova política industrial do Brasil. O anúncio aconteceu durante a 17ª reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), no Palácio do Planalto. O principal financiador da política será o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com R$ 65,1 bilhões. A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) farão os demais aportes.
Lula destacou que o governo vai colocar recursos no BNDES e criar as condições para os investimentos em inovação. “Acabou aquela bobagem de que o Estado tem que ser forte ou tem que ser fraco. O Estado tem que ser o Estado necessário para poder dirigir e induzir o crescimento econômico do país”, disse. O presidente reafirmou que a economia brasileira vai crescer quando o dinheiro circular na mão da população. E que os investimentos em educação não podem ser considerados gastos.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin destacou que o país enfrenta um processo de desindustrialização precoce. Segundo ele, na década de 1970, a indústria representava mais de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Hoje caiu para cerca de 10%. O processo de desindustrialização precoce envolve uma estrutura produtiva cada vez mais voltada para setores primários. Além de cadeias menos robustas e exportações concentradas em produtos de baixa complexidade tecnológica.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, destacou que os principais países e os mais industrializados, como Estados Unidos, China, Alemanha e França, decidiram investir maciçamente no desenvolvimento industrial. O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sergio Nobre, afirmou que a classe trabalhadora sempre lutou por uma política industrial. Mas lembrou que a indústria instalada precisa ter a mesma atenção.
Os juros altos voltaram a ser alvos de críticas. O presidente da CNI destacou que o país precisa de crédito com juros baixos. “É a batalha que todos temos hoje para redução dos juros no Brasil. Acho que temos todas as condições para que comece a haver essa redução dos juros”, disse Robson Andrade. Ele defendeu ainda a aprovação da reforma tributária.
O representante da CUT acrescentou que o tema precisa ser tratado no Senado. “Podemos ter a melhor a melhor política industrial do mundo, a melhor reforma tributária do mundo. Agora com a taxa de juros a 13,75%, obrigando o BNDES, que é o principal banco de fomento, a fazer empréstimo com 13,75%, mais o custo do banco, que chega a 20%, 21%, como é que nós vamos crescer?”, questionou.
De acordo com o presidente do BNDES, Aloísio Mercadante, de janeiro a maio do ano passado, o custo da taxa de juros foi de R$ 187 bilhões para o governo. “De janeiro a maio deste ano foi R$ 297 bilhões . São R$ 110 bilhões a mais de custo fiscal. Então, além de inibir o investimento, estão aumentando a dívida pública que é a maior meta do Banco Central, é a relação dívida/PIB”, disse. A Selic é o indexador da dívida pública.