A atividade econômica mais fraca no Brasil abre espaço para corte de 0,25 ponto nos juros do BC em agosto, prevê especialista.
O Ibovespa vem em alta forte, mantendo a recuperação desde o fim de março. Em velocidade rápida desde os 98 mil até a região dos 120 mil pontos, ficando meio de lado, mas apenas nas últimas três semanas. “Essa retomada intensa, sem correção, mostra resiliência”, afirma Luiz Felipe Bazzo, CEO do Transferbank, uma das 15 maiores corretoras de câmbio do Brasil.
Segundo ele, o ambiente macro ainda é de compressão de risco, desde o arcabouço fiscal e, depois, com a queda da inflação. Agora, a reforma tributária aprovada na Câmara dos Deputados aumenta a expectativa do mercado que o Copom inicie o corte de juros.
“Com a agenda local mais esvaziada, os investidores reagiram essa semana ao recuo de 1% das vendas do varejo em maio ante abril”, afirma Bazzo. Ele avalia que os dados divulgados de uma atividade econômica mais fraca abrem espaço para possíveis cortes de juros em agosto.
“A grande questão é se a redução será de 25 ou 50 pontos-base. Na minha visão, considerando a postura conservadora do Banco Central até o momento, parece mais provável uma redução de 25 pontos-base”, diz.
O programa federal Desenrola Brasil pode aliviar o consumidor brasileiro e impulsionar o consumo nesse segundo semestre. Isto aumenta as expectativas de crescimento do PIB para 2% neste ano. O programa objetiva a renegociação de dívidas de até R$ 5 mil para pessoas físicas e limpar o nome de 1,5 milhão de brasileiros.
No cenário político, Bazzo diz que os investidores devem ficar atentos às discussões sobre a alíquota do Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Na reforma tributária no Senado, ela deverá atingir um ponto de equilíbrio inferior a 25% no longo prazo.
Por esses diversos fatores, as perspectivas para o Ibovespa melhoraram muito nas últimas semanas. Principalmente, depois que o Banco Central indicou que pode começar a cortar juros em agosto caso se mantenha o cenário de diminuição da inflação.
A virada nas expectativas para a política monetária dos Estados Unidos explica o fortalecimento do real ante a moeda norte-americana, afirma o especialista. Todo o mercado melhorou, o euro e as demais moedas emergentes estão valorizando enquanto o real segue em alta. “Essa valorização tem muita influência dessa mudança de perspectiva para a taxa de juros americana”, frisa.
O bom desempenho do real na sessão também teve impacto na redução das expectativas para a trajetória dos juros nos Estados Unidos. “Esse cenário favorece a expectativa de um dólar mais fraco globalmente, e deve manter a moeda americana abaixo de R$ 5,00 até o fim do ano”, afirma Bazzo.
A divisa americana sofreu pressão essa semana pela consolidação das expectativas de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) deve antecipar o fim da escalada de juros no país. No Brasil, ajuda a sustentar o real no acumulado da semana as novas entradas de investidores estrangeiros que devem direcionar seus canhões para nossa bolsa de valores.
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