domingo, 28 de abril de 2024
Fieg e OCB/GO criticam BC e cobram juros mais baixos

Fieg e OCB/GO criticam BC e cobram juros mais baixos

Presidentes de entidades empresariais de Goiás defendem corte maior nos juros básicos do que o realizado pelo Copom; Taxa Selic caiu para 13,25%.

2 de agosto de 2023

Presidente do Sistema OCB/GO, Luís Alberto Pereira, diz que a decisão do Copom mostra ainda excessiva cautela por parte dos diretores do Banco Central.

A Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) e o Sistema OCB/GO ficaram decepcionados com o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Nesta quarta-feira (2/8), o Copom decidiu reduzir em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros da economia. Para as duas entidades, o BC pode ser mais agressivo no corte da Taxa Selic, que estava em 13,75% e agora é de 13,25%.

“Não é o suficiente para reverter o alto custo do crédito, o investimento em baixa e a economia em marcha lenta. O cenário atual já comporta um corte mais expressivo. A inflação está sob controle, com viés de baixa acentuada”, afirma o presidente da Fieg, Sandro Mabel.

Para o presidente do Sistema OCB/GO, Luís Alberto Pereira, a decisão ainda mostra excessiva cautela por parte dos diretores do Banco Central. “Aliás, estamos já registrando deflação no Brasil. Isso acontece por conta do forte remédio do BC, necessário há dois anos. Mas ainda mantém as doses elevadas, mesmo quando o paciente já saiu da UTI e pode ter alta hospitalar. Este paciente é a nossa economia, que poderia crescer mais do que os 2% previsto para 2023”, ponderou. Ele lembrou que o corte nos juros básicos terá efeito prático na economia depois de três meses, no mínimo.

Efeito retardado

A mesma opinião é do presidente da Fieg. Mabel diz que para haver reflexo na economia em 2023, o corte na Selic tem de ser de 1 a 2 pontos percentuais. “Uma redução de 0,5 ponto percentual demora de três a seis meses para refletir na ponta. E, dependendo do risco da operação ou do sistema financeiro, pode demorar ainda mais tempo”, explicou.

“Portanto, há espaço para cortes maiores da Taxa Selic, sem risco ao controle inflacionário, nas próximas reuniões do Copom neste ano. Isto criará melhor ambiente para promover o maior crescimento da nossa economia. Com consequente retomada mais significativa dos investimentos privados, maior geração de empregos e aumento na renda da população”, completou Luís Alberto Pereira.

Para o economista Pedro Vitor Garcia Ramos, mestre em Economia pela UFMG, professor da UNIP e especialista de Estratégia & Mercado no Sicoob UniCentro Br, a partir da queda da taxa de juros, movimentos na economia brasileira são esperados. Porém não no curto prazo, apenas após sucessivas quedas. “No atual patamar, o impacto no crédito e na mudança de perfil do poupador, saindo de uma renda fixa para a variável, não será percebido de forma significativa. Todavia, o que mais importa para o horizonte da tomada de decisão dos agentes na economia é o início da mudança da trajetória. Assim como a sinalização do Copom para futuros cortes”, afirmou.

Saiba mais: Juros altos: Fieg ameça processar diretores do BC

Wanderley de Faria é jornalista especializado em Economia e Negócios, com MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela FIA/FEA/USP - BM&FBovespa

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