sábado, 27 de abril de 2024
Mercado de tilápias cresce sem parar em Goiás

Mercado de tilápias cresce sem parar em Goiás

A produção de tilápias bate recordes em Goiás, a 11ª maior no País. Para crescer ainda mais, energia elétrica é o maior desafio.

26 de setembro de 2023

Peixe mais criado em Goiás teve produção de 11,9 mil toneladas em 2022

A tilápia é o principal produto da aquicultura goiana e alcançou produção recorde em 2022, de 11,9 mil toneladas. Trata-se de um aumento de 14,2% em relação ao ano anterior, com 10,4 mil toneladas. Os números são da Pesquisa da Pecuária Municipal (PAM), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ranking nacional, Goiás ocupa a 11ª colocação.

Maior produtor estadual, o município de Niquelândia teve um acréscimo de 50% em sua produção. Passou de 2,5 mil toneladas produzidas em 2021 para 3,75 mil toneladas no ano passado. Em segundo lugar no ranking estadual, Quirinópolis teve um aumento de 18,3%, atingindo a marca de 1,7 mil toneladas em 2022. Em terceiro, vem Inaciolândia, com produção de 1,4 mil toneladas de tilápia no ano passado.

Há oito anos trabalhando com a venda de carne de tilápia, o representante comercial Ruy Brasil atesta que esse mercado nunca teve crise. Ao contrário. “Em oito anos, nunca houve um mês sequer em que não houvesse crescimento, que acaba limitado à capacidade de produção e entrega”, conta.

Até há um ano, Ruy trabalhava como representante da Lake’s Fish, de Niquelândia. Em setembro do ano passado, a empresa encerrou as atividades do frigorífico em Goiás e ele passou a representar a Brazilian Fish, uma das maiores da América Latina.

‘Frango aquático’

Gerente de Irrigação, Clima e Aquicultura da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás (Seapa), Alisson Luis Ferreira atribui o crescimento da criação de tilápia à fácil adaptabilidade da espécie aos diferentes sistemas de cultivo. “Ela é conhecida como o ‘frango aquático’, devido a essa facilidade de engorda”, compara. Analogamente, ele cita o clima e as condições de água em Goiás, que facilitam o manejo.

“Além disso, a fácil aceitação do mercado à tilápia deve-se também à facilidade de preparo, o que leva as famílias modernas, sem tempo, a optar por esse tipo de alimento”, explica. Sob o ponto de vista dos produtores, Alisson pondera que a tilápia tem um ciclo de engorda mais curto em relação a outras espécies de peixes, o que proporciona a fazer até uma safra e meia por ano.

Potencial

Esse potencial de Goiás na aquicultura, principalmente para a agricultura familiar, levou a Seapa a criar, em 2023, essa atribuição dentro da Gerência de Irrigação e Clima. O objetivo, explica Alisson, é mapear e desenvolver futuras políticas públicas para poder incentivar o setor. “Estamos em fase de planejamento e vamos licitar nos próximos meses um estudo para a aquicultura em todo o estado. Será um retrato do que temos hoje e do que podemos alcançar e com isso traçar metas e políticas públicas”, anuncia.

Entre os desafios para avançar nessa atividade, o gerente cita a energia como o principal, pois ela eleva os custos de produção. “No modelo intensivo, o produtor precisa aerar a água e essa energia representa um custo elevado na conta final”, justifica. “Também podemos citar a estabilidade dessa energia, já que a maioria é zona rural e a estabilidade não é constante”, acrescenta.

Outro fator é a ração para alimentação dos peixes, que representa 60% dos custos de produção. “Por fim, há as outorgas de uso de água para lagos. Temos as cidades de Niquelândia, Quirinópolis e Inaciolândia que figuram entre as três maiores produtoras do estado e para cultivar peixes nesses lagos é preciso ter a liberação da União porque são lagos federais”, esclarece.

Leia também: Valor da produção agrícola goiana bate recordes

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Não será publicado.