Goiás tem um grande potencial de energia renovável, diz especialista. De várias fontes, hidroelétrica, solar, eólica, biomassa, entre outras.
Goiás tem o maior polo da indústria de fertilizantes do Brasil. Certamente essa indústria deverá ser a primeira do País que utilizará o hidrogênio verde, o que trará autonomia na produção da chamada amônia. É mais limpa e barata do que a fóssil, produzida a partir de gás natural.
“Em vez de importar essa amônia que utiliza um hidrogênio cinza, produzido a partir do gás natural, pode-se produzir amônia verde. Para utilizar aqui e exportar para outros países, porque a demanda está cada vez maior. Não só para uso como fertilizante, mas também para outras aplicações da amônia”, defende Mônica Saraiva Panik. Ela é diretora de Relações Institucionais da Associação Brasileira do Hidrogênio (ABH2), Mentora de Hidrogênio da SAE Brasil.
Para Mônica Saraiva, o grande potencial do hidrogênio verde em Goiás é, incialmente, na indústria de fertilizantes. “Ainda mais que é um setor que vem importando mais de 80% da amônia utilizada para a fabricação de fertilizantes nitrogenados, produzida a partir do gás natural”, pondera. Ela acrescenta que, depois da guerra da Ucrânia, o custo e a disponibilidade do gás natural foram altamente prejudicados. “Sobretudo porque falta amônia no mercado e a que existe está a um custo exorbitante”, relata.
O Brasil – e Goiás também – tem um grande potencial de energia renovável. De várias fontes, hidroelétrica, solar, eólica, biomassa, enfatiza Mônica Saraiva. E Goiás tem duas dessas de forma abundante: a solar e resíduos de biomassa a partir do setor de agronegócio. “Esse resíduo e o sol podem ser usados para produzir o hidrogênio verde, ou de baixo carbono, e com esse hidrogênio pode-se produzir amônia”, frisa a especialista.
Com essa tendência de descarbonização, para atender aos objetivos do Acordo de Paris para evitar mudanças climáticas, os produtos verdes ganharam valor. Mônica Saraiva vê o Brasil como um dos países que podem produzir amônia verde muito mais competitiva do que de fósseis.
“Hoje o setor de fertilizantes de Goiás tem o maior problema com logística, de importar essa amônia e trazer para o centro do país. Temos de inverter esse processo. Em vez de importar, é produzir, utilizar localmente e exportar, atendendo outros mercados, gerando empregos no estado e no país”, propõe.
Mônica Saraiva falou ao EMPREENDER EM GOIÁS antes de sua palestra, nesta segunda-feira (7/11), no 1º Congresso da Indústria, realizado pela Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg). “Vamos falar muito de inovação, de novidades que há no mundo. Como, por exemplo, a questão do hidrogênio verde. Porque vai mudar, nos próximos anos, a matriz dos combustíveis fósseis para os renováveis”, diz o presidente da Fieg, Sandro Mabel.
O Sistema Fieg/Senai já construiu a primeira planta de estudos de geração de hidrogênio verde de Furnas, em Itumbiara, projeto pioneiro da Região Centro-Oeste. Segundo Mabel, outra será implantada, estando em fase de pesquisa.
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